Existe uma maneira alternativa de descartar placas de reagentes vencidas?

APLICAÇÕES DE USO

Desde a invenção da placa reagente em 1951, ela se tornou essencial em diversas aplicações, incluindo diagnósticos clínicos, biologia molecular e biologia celular, bem como em análises de alimentos e produtos farmacêuticos. A importância da placa reagente não deve ser subestimada, visto que aplicações científicas recentes envolvendo triagem de alto rendimento seriam aparentemente impossíveis.

Utilizadas em uma ampla variedade de aplicações na área da saúde, no meio acadêmico, na indústria farmacêutica e na área forense, essas placas são construídas com plástico descartável. Ou seja, uma vez utilizadas, são ensacadas e enviadas para aterros sanitários ou descartadas por incineração – muitas vezes sem recuperação de energia. Quando descartadas, essas placas contribuem para cerca de 5,5 milhões de toneladas de resíduos plásticos de laboratório gerados anualmente. À medida que a poluição plástica se torna um problema global de crescente preocupação, surge a pergunta: será que placas de reagentes vencidas poderiam ser descartadas de forma mais ecologicamente correta?

Discutimos se podemos reutilizar e reciclar placas de reagentes e exploramos algumas das questões associadas.

 

DE QUE SÃO FEITAS AS PLACAS DE REAGENTES?

As placas de reagentes são fabricadas a partir do termoplástico reciclável polipropileno. O polipropileno é um plástico de laboratório bastante adequado devido às suas características: um material acessível, leve, durável e com uma faixa de temperatura versátil. Também é estéril, robusto e facilmente moldável, além de, em teoria, fácil de descartar. Elas também podem ser feitas de poliestireno e outros materiais.

No entanto, o polipropileno e outros plásticos, incluindo o poliestireno, criados como forma de preservar a natureza do esgotamento e da superexploração, estão causando uma grande preocupação ambiental. Este artigo se concentra em chapas fabricadas em polipropileno.

 

DESCARTE DE PLACAS DE REAGENTES

Placas de reagentes vencidas da maioria dos laboratórios públicos e privados do Reino Unido são descartadas de duas maneiras: ensacadas e enviadas para aterros sanitários ou incineradas. Ambos os métodos são prejudiciais ao meio ambiente.

ATERRO SANITÁRIO

Uma vez enterrados em um aterro sanitário, os produtos plásticos levam entre 20 e 30 anos para se biodegradar naturalmente. Durante esse período, os aditivos utilizados em sua produção, contendo toxinas como chumbo e cádmio, podem gradualmente se infiltrar no solo e se espalhar para as águas subterrâneas. Isso pode ter consequências extremamente prejudiciais para diversos biossistemas. Manter as placas de reagentes longe do solo é uma prioridade.

INCINERAÇÃO

Incineradores queimam resíduos, o que, quando feito em grande escala, pode produzir energia utilizável. Quando a incineração é usada como método de destruição de placas de reagentes, surgem os seguintes problemas:

● Quando placas reagentes são incineradas, podem liberar dioxinas e cloreto de vinila. Ambos estão associados a efeitos nocivos aos seres humanos. As dioxinas são altamente tóxicas e podem causar câncer, problemas reprodutivos e de desenvolvimento, danos ao sistema imunológico e interferir nos hormônios [5]. O cloreto de vinila aumenta o risco de uma forma rara de câncer de fígado (angiossarcoma hepático), bem como de câncer de cérebro e pulmão, linfoma e leucemia.

● Cinzas perigosas podem causar efeitos de curto prazo (como náuseas e vômitos) a efeitos de longo prazo (como danos renais e câncer).

● As emissões de gases de efeito estufa de incineradores e outras fontes, como veículos a diesel e gasolina, contribuem para doenças respiratórias.

● Os países ocidentais frequentemente enviam resíduos para países em desenvolvimento para incineração, que em alguns casos ocorre em instalações ilegais, onde seus vapores tóxicos rapidamente se tornam um risco à saúde dos moradores, causando desde erupções cutâneas até câncer.

● De acordo com a política do Departamento do Meio Ambiente, o descarte por incineração deve ser o último recurso

 

A ESCALA DO PROBLEMA

Somente o NHS (Serviço Nacional de Saúde) produz 133.000 toneladas de plástico anualmente, sendo apenas 5% recicláveis. Parte desse desperdício pode ser atribuída à placa de reagente. Conforme anunciou seu projeto "Por um NHS Mais Verde" [2], o NHS está comprometido em introduzir tecnologias inovadoras para ajudar a reduzir sua pegada de carbono, substituindo equipamentos descartáveis ​​por reutilizáveis ​​sempre que possível. Reciclar ou reutilizar placas de reagente de polipropileno são opções para descartar placas de forma mais ecologicamente correta.

 

REUTILIZAÇÃO DE PLACAS DE REAGENTES

Placas de 96 poçospode, em teoria, ser reutilizado, mas há uma série de fatores que muitas vezes tornam isso inviável. São eles:

● Lavá-los para uso novamente consome muito tempo

● Existe um custo associado à sua limpeza, especialmente com os solventes

● Se corantes foram usados, os solventes orgânicos necessários para remover os corantes podem dissolver a placa

● Todos os solventes e detergentes usados ​​no processo de limpeza devem ser totalmente removidos

● O prato deve ser lavado imediatamente após o uso

Para que uma placa possa ser reutilizada, ela precisa ser indistinguível do produto original após o processo de limpeza. Há outras complicações a serem consideradas, como, por exemplo, se as placas tiverem sido tratadas para aumentar a ligação às proteínas, o procedimento de lavagem também pode alterar as propriedades de ligação. A placa não seria mais a mesma que a original.

Se o seu laboratório deseja reutilizarplacas de reagentes, lavadoras de pratos automatizadas como esta podem ser uma opção viável.

 

RECICLAGEM DE PLACAS DE REAGENTES

Há cinco etapas envolvidas na reciclagem de pratos. As três primeiras etapas são as mesmas da reciclagem de outros materiais, mas as duas últimas são essenciais.

● Coleção

● Classificação

● Limpeza

● Reprocessamento por fusão – o polipropileno coletado é alimentado em uma extrusora e fundido a 4.640 °F (2.400 °C) e peletizado

● Produção de novos produtos a partir de PP reciclado

 

DESAFIOS E OPORTUNIDADES NA RECICLAGEM DE PLACAS REAGENTES

A reciclagem de placas de reagentes consome muito menos energia do que a criação de novos produtos a partir de combustíveis fósseis [4], o que a torna uma opção promissora. No entanto, há uma série de obstáculos que precisam ser considerados.

 

O POLIPROPILENO É MAL RECICLADO

Embora o polipropileno possa ser reciclado, até recentemente ele era um dos produtos menos reciclados em todo o mundo (nos EUA, acredita-se que seja reciclado a uma taxa inferior a 1% para recuperação pós-consumo). Há dois motivos principais para isso:

● Separação – Existem 12 tipos diferentes de plástico e é muito difícil diferenciá-los, dificultando sua separação e reciclagem. Embora a Vestforbrænding, a Dansk Affaldsminimering Aps e a PLASTIX tenham desenvolvido uma nova tecnologia de câmeras que permite diferenciar os plásticos, ela não é comumente utilizada, portanto, o plástico precisa ser separado manualmente na fonte ou por meio de uma tecnologia imprecisa de infravermelho próximo.

● Alterações nas Propriedades – O polímero perde sua resistência e flexibilidade com sucessivos episódios de reciclagem. As ligações entre o hidrogênio e o carbono no composto enfraquecem, afetando a qualidade do material.

No entanto, há motivos para otimismo. A Proctor & Gamble, em parceria com a PureCycle Technologies, está construindo uma planta de reciclagem de PP no Condado de Lawrence, Ohio, que criará polipropileno reciclado com qualidade "semelhante à virgem".

 

PLÁSTICOS DE LABORATÓRIO ESTÃO EXCLUÍDOS DOS ESQUEMAS DE RECICLAGEM

Embora as placas de laboratório geralmente sejam feitas de material reciclável, é um equívoco comum pensar que todos os materiais de laboratório estão contaminados. Essa suposição significa que as placas de reagentes, assim como todos os plásticos usados ​​em hospitais e laboratórios em todo o mundo, foram automaticamente excluídas dos programas de reciclagem, mesmo quando alguns não estão contaminados. Um pouco de educação nessa área pode ser útil para combater esse problema.

Além disso, novas soluções estão sendo apresentadas pelas empresas que fabricam materiais de laboratório e as universidades estão criando programas de reciclagem.

O Thermal Compaction Group desenvolveu soluções que permitem que hospitais e laboratórios independentes reciclem plásticos no local. Eles podem segregar plásticos na fonte e transformar o polipropileno em briquetes sólidos que podem ser enviados para reciclagem.

Universidades desenvolveram métodos internos de descontaminação e negociaram com usinas de reciclagem de polipropileno para coletar o plástico descontaminado. O plástico usado é então peletizado em uma máquina e utilizado para uma variedade de outros produtos.

 

RESUMINDO

Placas de reagentessão um material de consumo diário em laboratório, contribuindo para os cerca de 5,5 milhões de toneladas de resíduos plásticos de laboratório gerados por cerca de 20.500 instituições de pesquisa em todo o mundo em 2014, 133.000 toneladas desses resíduos anuais vêm do NHS e apenas 5% deles são recicláveis.

Placas de reagentes vencidas, que historicamente foram excluídas dos programas de reciclagem, estão contribuindo para esse desperdício e para os danos ambientais causados ​​por plásticos de uso único.

Há desafios que precisam ser superados na reciclagem de placas de reagentes e outros utensílios plásticos de laboratório, cuja reciclagem pode consumir menos energia em comparação à criação de novos produtos.

Reutilização ou reciclagemplacas de 96 poçossão formas ecologicamente corretas de lidar com pratos usados ​​e vencidos. No entanto, existem dificuldades associadas tanto à reciclagem de polipropileno quanto à aceitação de plástico usado de laboratórios de pesquisa e do NHS, bem como à reutilização de pratos.

Esforços para melhorar a lavagem e a reciclagem, bem como a reciclagem e a aceitação de resíduos de laboratório, estão em andamento. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e implementadas na esperança de que possamos descartar placas de reagentes de forma mais ecológica.

Há algumas barreiras que ainda precisam ser superadas nessa área, além de mais pesquisas e educação por parte de laboratórios e indústrias que trabalham nessa área.

 

 

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Horário da publicação: 23/11/2022